sábado, 13 de dezembro de 2008

MANIFESTO-ANTI-SOCRATES E ESQUERDA MODERNA

(Outubro de 2008) de actualidade tendo em vista a Lei do trabalho enviada ao PR

Se a flexibilidade é um programa de acção política, o melhor é explicar o que o conceito encerra. Significa, muito simplesmente, a inexistência de regras para resolver naturais divergências e interesses.

A atitude de flexibilidade mental, sem dogmas, na procura de soluções consensuais a nível pessoal ou entre empresas é aceitável, mas nunca numa abordagem ao nível dos rendimentos do trabalho e política de Estado.

O trabalho e o capital têm suficiente passado e regras naturais para nascerem do zero. O conhecimento da realidade afasta o experimentalísmo social, não é um jogo de monopólio ou tarefa de políticos de cartola.

Assim, é legitimo concluir que o programa político que suporta a esquerda moderna não é mais que o desregular de tudo o que os usos e costumes confinaram em Lei. É também uma vontade política desajustada e sem mandato legitimado pela história da esquerda socialista.

O paradoxo. O Partido Socialista pós Revolução, ou o PS dos nossos dias, são identidades tão distintas que dificilmente serão reconhecidas por alguém com passado assente na refundação (já não direi na luta ao fascismo porque a esses, já raros, a idade só lhes permite lamentos).

Todos os socialistas sentem dificuldades em se manterem coerentes com os princípios que sempre os nortearam no debate de como se constrói, em concreto, uma sociedade mais justa e solidária, onde os melhores governam legitimamente os destinos colectivos.

Tendo em vista o futuro, preservando a riqueza de um já longo caminho de conquistas sociais, é justo a oposição frontal a esta apologia de uma esquerda moderna assente na flexibilidade, e de métodos anti-democráticos de puro oportunismo político.

Todos os Secretários Gerais, desde a fundação, tinham em comum partilhar a vida do Partido com camaradas críticos, e não raro havia várias candidaturas em competição, cada qual, com os seus companheiros de sempre, e abertos a adesões espontâneas que se geravam no salutar debate de ideias no espaço da esquerda, existindo naturais afastamentos e retornos.

O caricato, é a afirmação não desmentida e confirmada por muitos, de que hoje é impossível alguém disputar eleições internas fora do quadro dos interesses instalados.

Aberração democrática é a proclamação de princípios e uma prática de sentido oposto. Está à vista de todos, há quem esteja em todos os patamares de decisão política, a nível local, regional e nacional, acumulando funções de deputados ou presidentes de câmara e ainda com assento em empresas subordinadas à sua tutela.

Manutenção do poder, pelo poder, é pública e notória.
Basta.

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